Homenagem a Ana Honorata Vigganigo
Dona Nicota
(Letra e Música: Silvia Beraldo )
Não adianta pirar, pirar
Se o mundo tá de pernas pro ar, pro ar
Se o mar não está pra peixe, não deixe
Vem, vem que o bloco é zen
Se a coisa por aqui tá preta
Perigo até pro planeta
Deixa de bobeira, sacode a poeira
Vem, vem que o bloco é zen
Abre alas
Pra dona Nicota passar
Da Joaquina até o Campeche
Ela é a colombina desse carnaval
Aqui na ilha as ninfas e os duendes
Convivem numa boa desde os nossos ancestrais
Tás tolo, deixa de rôlo
Que o nosso bloco é pela paz
...
Vem, vem, que o
Bloco é Zen
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(Letra e Música: Neuber)
Vem pra cá moçada
Vem aqui se divertir
Venha dançar no bloco do Onodi (bis)
A festa é muito boa
Tem muita azaração
Ei não fique ai parado
Nem figue envergonhado
Vem sentir essa emoção
Refrão (bis)
É aqui no Campeche
Um domingo especial
Entre nessa folia
E vem com Onodi
Brilhar no carnaval
Refrão (bis)
Mas não se esqueça
Beber com moderação
Venha fazer amigos
Pule e dance não arrume confusão
Refrão (bis)
Coloque sua fantasia
Pule sem parar
Junto com o o Onodi
A tarde inteira o bicho vai pegar
Refrão (bis)
Nesse ONODI a idade não importa
Olha que maravilha
Uma mulher guerreira
Ela é dona Nicota
Refrão (bis)
Agora cante mais alto
Cante com emoção
Esse é o Onodi
Mais um ano arrastando multidão
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Arte ONODI 2006
(Arte: Bruno César Queiroz Gonçalves)
Nascida em 10 de outubro de 1929 em Florianópolis-SC
Se alfabetizou após os 70 anos de idade e escreveu:
Um pouco da minha vida
Campeche, inverno de 2004
Escola Básica Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes
Educação de Jovens e Adultos - EJA
Um Pouco de Minha Vida
Dona Nicota
Professor
Articulador
Dauto dos Reis Pires
Professores Colaboradores
André dos Santos Menna
Carlos Henrique da Costa Soares
Femando da S. dos Santos
Gerson Luiz Uberti
Maria Paula Carvalho
Marize Teixeira N. de L. Wzelmorbida
Maurício Milton de Souza
Mery Isaura de A. Lodetti
Coordenador
Jaime de Andrade
Campeche, 20 de julho de 2004
Problemática
Mostrar o Campeche de antigamente através da minha história de vida!
Minha Autobiografia
Eu nasci no dia 10 de outubro de 1929, sou natural. de Florianópolis. Sou filha de Lino Jeremia Machado e de Honorata Agustinha da Conceição. Eu namorei com um homem chamado Juca e noivei com 23 anos, mas acabei porque meu pai tinha um boteco.
Meu pai foi à cidade vender ovos e pediu que quando ele voltasse o noivado estivesse, desmanchado o casamento com o Juca.
Eu namorei com outro chamado José Trocate Vigganigo e me casei com 28 anos, no dia 24 de setembro de 1968. Quando eu me casei eu era filha de Maria na igreja, nasceu 4 filhos, três homens e uma mulher, 12 netos e 3 bisnetos. Naquela época eu gostava de fazer renda e bordado. Frequentava a igreja católica, naquele tempo não tinha muita amizade, eu gostava de sair somente com a minha mãe.
Por ser uma pessoa muito nervosa, me tornava uma pessoa ruim que meu marido chamava de jararaca, hoje eu sou mais calma. Tenho saudades de minha infância, meu pai era da pescaria, tinha muita fartura de peixe, ele pescava de tarrafa, o contrário de hoje em dia que só temos peixes se comprarmos.
Meu marido era pescador, ele saia a uma hora da madrugada com um espinhel para o mar pescar, pelas cinco horas da manhã ele voltava com o sambura cheio de peixe. Meu marido espalhava o peixe na cozinha e tirava uns peixes para nós comermos, o resto eu saia para vender: viola, arraia, corvina, pescada, cocoroca, papa terra, pampo, roncador, bagre, linguado, enchova, isso ele pescava com espinhel. Já com a tarrafa ele pegava tainha, parati e peixes miúdos.
Aos domingos, eu brincava de casinha com minha prima e fazia cozido de carne.
Nessa época eu tinha 16 anos.
A canção que nós cantávamos era a RATOEIRA
Ratoeira bem
cantada
Faz chorar, faz padecer
Também faz um triste amante
Do seu amor esquecer
Meu galho de
malva, meu manjericão
Dá três pancadinhas no meu coração
Alecrim na
beira da água
Pode dar quarenta dias
Eu longe de meu amor
Não posso ficar nem um dia.
Refrão
Lá de trás
daquele morro
Tem um pé de araçá
Quem quiser casar comigo
Pisque os olhos que já está
Refrão
Fui no mato cortar lenha
Cortei o dedo do pé
Amarrei com a fitinha
Da camisa do José
Refrão
Laranjeira pequenina
Carregadinha de flor
Eu também sou pequenina
Carregadinha de amor
Refrão
Quem quiser
casar com a moça
Sem o pai dela saber
Bate na porta e pergunte
Se tem ovos para vender
Refrão
Meu moreno chegou ontem
Lá das bandas do sertão
Pra alegrar a minha vida
E tombem meu coração
Refrão
Fiz a cama
na varanda
Esqueci do cobertor
Deu um vento na roseira
Encheu a cama de flor
Refrão
Ratoeira bem
cantada
Faz chorar e faz padecer
Também faz um triste amante
Do seu amor esquecer
Refrão
Eu queria ser uma moça
Uma moça eu queria ser
Para cair em seus braços
E ser amada por você
Refrão
Minhas Histórias
Era
uma vez em 1935 ...
Quando eu acordava de manhã, lavava o rosto e penteava os cabelos. Depois, tomava café, pegava a vassoura para varrer a casa, depois pegava o pote de barro para buscar água na fonte. Fazia boneca com folhas de mamoneira para brincar até de tardinha.
Eu me lembro que meu pai saía às 17 horas para levar o lampião lá no bico do morro, e deixava aceso para dar sinal para os aviões pousarem no campo. No outro dia, às 5 horas da manhã, ele ia buscar o lampião.
Nossa mãe cozinhava um ovo para nós. Ela partia o ovo em quatro pedaços e dava para nós. Naquele tempo tinha muita fartura de peixe na praia. Meu marido pescava peixe e vinha da praia com o sambura cheio de peixe, espalhava na cozinha e nós tirávamos uns peixes para comer. O resto eu saía para vender: viola, arraia, corvina, pescada, cocoroca, papa-terra, pampo, roncador, bagre e linguado vinham no anzol. Tainha, parati e anchova vinham na tarrafa. Agora não tem fartura de peixe, só comprado na peixaria.
Naquele
tempo não se chamava Campeche, mas Pontal, Mato Dentro
ou Fazenda, agora é Campeche.
A nossa lavoura era assim: nós preparávamos a terra, roçava a capoeira e fazia aceiro e deixava até 5 dias no sol, para depois botar fogo. Em seguida limpava a terra e ficava toda pronta. No 5º dia da lua nova pegava e picava a rama em pedacinho e fazia cova com a enxada, botava a rama e tampava com a mesma terra. Na mesma limpeza da terra, plantávamos amendoim, batata, milho, feijão, cebola, alho, melancia, laranja, batata doce, café, mamão, bananeira, limão. A lima era usada para amolar as ferramentas como a foice, machado e enxada. Nós plantávamos a rama em setembro, fazia um ano e nós arrancávamos mandioca, e ia falar com o vizinho se ele quisesse fazer nossa roça e ele disse que poderia fazer a nossa roça primeiro. Nós arrancávamos a mandioca e levava com o carro de boi e enchia o engenho de farinha e 3 mulheres raspavam a mandioca e quando terminavam botavam dentro do balaio e 2 pessoas iriam levar até o cocho e enchiam dois potes de água para lavar a mandioca e vinham um homem para sevar a mandioca no conservador. Em seguida colocava no ralador, pegava a mandioca ralada e enchia os tipiti e botava na prensa para sair o caldo. Depois de seco a gente esfarelava com a mão e colocava uma cuia de massa e depois colocava na peneira para peneirar. Depois acendia o fogo, colocava uma cuia de massa e começava a fomear a farinha com a pá. Tirava a farinha do fomo com o rodo para um outro cocho para dividir entre todos que participavam na fabricação.
O Brinquedo de meus irmãos
Quando chegava o domingo, meus irmãos pegavam um galho de pau que representava a cabeça de um boi. Pegavam a casca seca da bananeira e faziam uma corda e brincavam de laçar o boi; depois amarravam o boi na frente da casa num pátio e assim passava o domingo
Conclusão de Jovens e Adultos
Tenho muita saudade de antigamente porque tinha muito peixe e carne, se podia comer a vontade, hoje não é mais assim.
As noites que a gente saia procurando roda de ratoeira para entrar; naquele tempo era muito divertido.
Lembro também, com saudade, do sossego, da calmaria, não havia roubos e assaltos, a gente podia deixar a casa aberta que ninguém mexia. Apenas meu pai e seus colegas que puxavam cipó de São João para assustar quem passava à meia-noite.
Hoje tem coisas boas, como a luz elétrica, porque antigamente era luz de candeia, mas hoje se a luz falta a gente tem que acender vela. Temos água encanada, antes era água na fonte.
Não tenho mais nada a dizer.
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