Carnaval 2006

Homenagem a Ana Honorata Vigganigo

Dona Nicota



Músicas ONODI 2006

O Bloco é Zen


(Letra e Música: Silvia Beraldo )


Não adianta pirar, pirar
Se o mundo tá de pernas pro ar, pro ar
Se o mar não está pra peixe, não deixe
Vem, vem que o bloco é zen

Se a coisa por aqui tá preta
Perigo até pro planeta
Deixa de bobeira, sacode a poeira
Vem, vem que o bloco é zen

Abre alas 
Pra dona Nicota passar
Da Joaquina até o Campeche
Ela é a colombina desse carnaval

Aqui na ilha as ninfas e os duendes
Convivem numa boa desde os nossos ancestrais
Tás tolo, deixa de rôlo
Que o nosso bloco é pela paz

...

Vem, vem, que o Bloco é Zen

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Alegria está no ar"

(Letra e Música:  Neuber)

Vem pra cá moçada
Vem aqui se divertir
Venha dançar no bloco do Onodi (bis)

A festa é muito boa
Tem muita azaração
Ei não fique ai parado
Nem figue envergonhado
Vem sentir essa emoção

Refrão (bis)

É aqui no Campeche
Um domingo especial
Entre nessa folia
E vem com Onodi
Brilhar no carnaval

Refrão (bis)

Mas não se esqueça
Beber com moderação
Venha fazer amigos
Pule e dance não arrume confusão

Refrão (bis)

Coloque sua fantasia
Pule sem parar
Junto com o o Onodi
A tarde inteira o bicho vai pegar

Refrão (bis)

Nesse ONODI a idade não importa
Olha que maravilha
Uma mulher guerreira
Ela é dona Nicota

Refrão (bis)

Agora cante mais alto
Cante com emoção
Esse é o Onodi
Mais um ano arrastando multidão

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Arte ONODI 2006

(Arte: Bruno César Queiroz Gonçalves)





Dona Nicota

Nascida em 10 de outubro de 1929 em Florianópolis-SC

Se alfabetizou após os 70 anos de idade e escreveu:

Um pouco da minha vida

Campeche, inverno de 2004

 

Escola Básica Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes

Educação de Jovens e Adultos - EJA  

Um Pouco de Minha Vida

Ana Honorata Vigganigo


Dona Nicota

Professor Articulador
Dauto dos Reis Pires 

Professores Colaboradores
André dos Santos Menna 
Carlos Henrique da Costa Soares 
Femando da S. dos Santos 
Gerson Luiz Uberti 
Maria Paula Carvalho 
Marize Teixeira N. de L. Wzelmorbida 
Maurício Milton de Souza 
Mery Isaura de A. Lodetti 
  
Coordenador
Jaime de Andrade 

  Campeche, 20 de julho de 2004


Problemática

Mostrar o Campeche de antigamente através da minha história de vida!


Minha Autobiografia

Eu nasci no dia 10 de outubro de 1929, sou natural. de Florianópolis. Sou filha de Lino Jeremia Machado e de Honorata Agustinha da Conceição. Eu namorei com um homem chamado Juca e noivei com 23 anos, mas acabei porque meu pai tinha um boteco.

Meu pai foi à cidade vender ovos e pediu que quando ele voltasse o noivado estivesse, desmanchado o casamento com o Juca.

Eu namorei com outro chamado José Trocate Vigganigo e me casei com 28 anos, no dia 24 de setembro de 1968. Quando eu me casei eu era filha de Maria na igreja, nasceu 4 filhos, três homens e uma mulher, 12 netos e 3 bisnetos. Naquela época eu gostava de fazer renda e bordado. Frequentava a igreja católica, naquele tempo não tinha muita amizade, eu gostava de sair somente com a minha mãe.

Por ser uma pessoa muito nervosa, me tornava uma pessoa ruim que meu marido chamava de jararaca, hoje eu sou mais calma. Tenho saudades de minha infância, meu pai era da pescaria, tinha muita fartura de peixe, ele pescava de tarrafa, o contrário de hoje em dia que só temos peixes se comprarmos.

Meu marido era pescador, ele saia a uma hora da madrugada com um espinhel para o mar pescar, pelas cinco horas da manhã ele voltava com o sambura cheio de peixe. Meu marido espalhava o peixe na cozinha e tirava uns peixes para nós comermos, o resto eu saia para vender: viola, arraia, corvina, pescada, cocoroca, papa terra, pampo, roncador, bagre, linguado, enchova, isso ele pescava com espinhel. Já com a tarrafa ele pegava tainha, parati e peixes miúdos.

Aos domingos, eu brincava de casinha com minha prima e fazia cozido de carne.

Nessa época eu tinha 16 anos.

 


A canção que nós cantávamos era a RATOEIRA

 

Ratoeira bem cantada
Faz chorar, faz padecer
Também faz um triste amante
Do seu amor esquecer

Meu galho de malva, meu manjericão
Dá três pancadinhas no meu coração

Alecrim na beira da água
Pode dar quarenta dias
Eu longe de meu amor
Não posso ficar nem um dia.

Refrão

Lá de trás daquele morro
Tem um pé de araçá
Quem quiser casar comigo
Pisque os olhos que já está

Refrão

Fui no mato cortar lenha
Cortei o dedo do pé
Amarrei com a fitinha
Da camisa do José

Refrão

Laranjeira pequenina
Carregadinha de flor
Eu também sou pequenina
Carregadinha de amor

Refrão

 

Quem quiser casar com a moça
Sem o pai dela saber
Bate na porta e pergunte
Se tem ovos para vender

Refrão


Meu moreno chegou ontem
Lá das bandas do sertão
Pra alegrar a minha vida
E tombem meu coração

Refrão

Fiz a cama na varanda
Esqueci do cobertor
Deu um vento na roseira
Encheu a cama de flor

Refrão

Ratoeira bem cantada
Faz chorar e faz padecer
Também faz um triste amante
Do seu amor esquecer

 Refrão

Eu queria ser uma moça
Uma moça eu queria ser
Para cair em seus braços
E ser amada por você

Refrão

 



Minhas Histórias

Era uma vez em  1935  ...

Quando eu acordava de manhã, lavava o rosto e penteava os cabelos. Depois, tomava café, pegava a vassoura para varrer a casa, depois pegava o pote de barro para buscar água na fonte. Fazia boneca com folhas de mamoneira para brincar até de tardinha.

Eu me lembro que meu pai saía às 17 horas para levar o lampião lá no bico do morro, e deixava aceso para dar sinal para os aviões pousarem no campo. No outro dia, às 5 horas da manhã, ele ia buscar o lampião.

Nossa mãe cozinhava um ovo para nós. Ela partia o ovo em quatro pedaços e dava para nós. Naquele tempo tinha muita fartura de peixe na praia. Meu marido pescava peixe e vinha da praia com o sambura cheio de peixe, espalhava na cozinha e nós tirávamos uns peixes para comer. O resto eu saía para vender: viola, arraia, corvina, pescada, cocoroca, papa-terra, pampo, roncador, bagre e linguado vinham no anzol. Tainha, parati e anchova vinham na tarrafa. Agora não tem fartura de peixe, só comprado na peixaria.

Naquele tempo não se chamava Campeche, mas Pontal, Mato Dentro 
ou Fazenda, agora é Campeche. 

A nossa lavoura era assim: nós preparávamos a terra, roçava a capoeira e fazia aceiro e deixava até 5 dias no sol, para depois botar fogo. Em seguida limpava a terra e ficava toda pronta. No 5º dia da lua nova pegava e picava a rama em pedacinho e fazia cova com a enxada, botava a rama e tampava com a mesma terra. Na mesma limpeza da terra, plantávamos amendoim, batata, milho, feijão, cebola, alho, melancia, laranja, batata doce, café, mamão, bananeira, limão. A lima era usada para amolar as ferramentas como a foice, machado e enxada. Nós plantávamos a rama em setembro, fazia um ano e nós arrancávamos mandioca, e ia falar com o vizinho se ele quisesse fazer nossa roça e ele disse que poderia fazer a nossa roça primeiro. Nós arrancávamos a mandioca e levava com o carro de boi e enchia o engenho de farinha e 3 mulheres raspavam a mandioca e quando terminavam botavam dentro do balaio e 2 pessoas iriam levar até o cocho e enchiam dois potes de água para lavar a mandioca e vinham um homem para sevar a mandioca no conservador. Em seguida colocava no ralador, pegava a mandioca ralada e enchia os tipiti e botava na prensa para sair o caldo. Depois de seco a gente esfarelava com a mão e colocava uma cuia de massa e depois colocava na peneira para peneirar. Depois acendia o fogo, colocava uma cuia de massa e começava a fomear a farinha com a pá. Tirava a farinha do fomo com o rodo para um outro cocho para dividir entre todos que participavam na fabricação.

O Brinquedo de meus irmãos

Quando chegava o domingo, meus irmãos pegavam um galho de pau que representava a cabeça de um boi. Pegavam a casca seca da bananeira e faziam uma corda e brincavam de laçar o boi; depois amarravam o boi na frente da casa num pátio e assim passava o domingo

Conclusão de Jovens e Adultos

            Tenho muita saudade de antigamente porque tinha muito peixe e carne, se podia comer a vontade, hoje não é mais assim.

As noites que a gente saia procurando roda de ratoeira para entrar; naquele tempo era muito divertido.

Lembro também, com saudade, do sossego, da calmaria, não havia roubos e assaltos, a gente podia deixar a casa aberta que ninguém mexia. Apenas meu pai e seus colegas que puxavam cipó de São João para assustar quem passava à meia-noite.

Hoje tem coisas boas, como a luz elétrica, porque antigamente era luz de candeia, mas hoje se a luz falta a gente tem que acender vela. Temos água encanada, antes era água na fonte.

            Não tenho mais nada a dizer.





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