O ONODI
que olha o nosso passado e as tradições da Ilha com o olhar doce de quem
quer segurá-los por mais tempo, busca nos mais velhos moradores e na
história, aquelas tradições e aqueles “causos” que fazem a delícia do
bom ouvinte, do ouvinte que quer saber, saber para reviver ou para
contar para os filhos. Neste ano, o ONODI se junta a essas pessoas que
gostam desta terra e de seus mais originais costumes, para fazer neste
carnaval, uma reverência à comunicação.
O legado luso-açoriano
que participa da formação de nossa identidade cultural é bem extenso,
passando por brincadeiras infantis e adultas, folguedos, danças até
formas variadas de comunicação religiosa e laica.
Neste ano de
2014, o ONODI está ressuscitando formas variadas de comunicação, claro,
tudo dentro dos “conformes”, “timtim” por “timtim”, contadinho pelas
pessoas que guardam estes conhecimentos.
Então vamos lá:
Pasquim - De acordo com o Dicionário Aurélio,
pasquim é uma sátira afixada em lugares públicos, um jornal ou panfleto
difamador. O pasquim foi e continua sendo um dos meios de comunicação
apócrifos, de descendência açoriana, de grande beleza e criatividade.
Eram manuscritos, em forma de versos, colocados em bares e vendas, ou
debaixo das portas das residências, sempre que um assunto, "fofoca",
envolvesse alguém da comunidade. Os boatos e gozações espalhavam-se
rapidamente, sem identificação dos autores, para desespero dos
envolvidos, que poderiam ser bem ou mal falados.
No Campeche, o
pasquim eram folhas anônimas sempre no sentido satírico/pornô que apesar
de sempre refletir a realidade de um acontecimento marcante se dobrava
ao lado pornô/satírico para “zoar” com alguém/alguns.
Nos anos
70, no Brasil, o jornal O Pasquim era considerado “uma janela para a
liberdade de expressão”. Reuniu grandes intelectuais brasileiros, todos
muito gozadores que falavam sério, mas também faziam sátiras do então
governo militar. Isto demonstra que este costume açoriano progrediu, não
só aqui, mas onde havia uma situação que devesse ser gozada.
Pão-por-Deus
- Brincadeira herdada dos descendentes
açorianos, cuja finalidade era pedir a alguém uma prova de amor e de
amizade. As pessoas faziam um coração de papel recortado, que continha
um versinho e o enviavam, com um presente ou um bolo confeitado em forma
de coração, sendo gentilmente correspondidas.
Sobre o Morro do
Mato Dentro (conhecido como morro do Lampião dos anos +_ de 1970 para
cá) no Morro do Mato Dentro atendia aos interesses do Campo de Pouso dos
Franceses ou seja da Latecoere/Air France, que perdurou por pouco tempo
- mais ou menos 13 anos –desde 1925.
Portanto, o “ Lampião
aceso” pouco significava para a Comunidade e não interferia em seu modo
de atuar, apenas contribuía para a manutenção do caminho de carretão,
pois era necessário estar sempre limpo para que o responsável pudesse
diariamente subir até o local (pico) para renovar o azeite (combustível)
e acendê-lo e os demais moradores para cuidar de suas plantações e em
busca de lenha.
A comunicação em geral era feita nas “bodegas” –
Vendas - e repassadas de boca em boca, principalmente entre homens, já
que era costume, diariamente, no começo da noite “bater ponto” na
Bodega, até para escutar rádio, pois só estas tinham aparelhos, quase
todos a bateria e de alto custo.
A comunicação entre as mulheres era
feita nas “Fontes” – local para buscar água para consumo doméstico e
também para lavar roupas – sendo próximas, mas distintas, a de lavar e a
de beber.
Quando das festas, geralmente, a Diretoria da Capela
passava de casa em casa para convidar e pedir donativos.
Assim
também era feito o convite para os bailes. As moças eram especialmente
convidadas.
Na Pesca (quando para o chamamento para fazer o Lanço
ou seja para colocar a rede n’água) o modo mais usual e prático era
fazer gestos de chamamento com o chapéu, capote – paletó , e o
assovio/assobio, pois os praticantes da pescaria o identificavam
perfeitamente, e o vigia não era qualquer um.
Quando era para
chamar os que estavam em casa para atividades de pesca ou para, numa
eventualidade, ajudar na guarda da embarcação/rede, geralmente era o
assovio/assobio, capote, como também a buzina (soprar o chifre de boi)
isto feito de um ponto das dunas mais alto, próximo ao rancho.
As novenas e missas geralmente através dos sinos da Igreja de “São
Sebastião”, pois eram tocados três vezes, com espaço de tempo (sendo as
novenas já identificadas por serem noturnas e as missas diurnas, com
exceção das festivas).
Uma doença grave era conhecida através do
hasteamento de um pano branco num bambu e os falecimentos, um pano
preto. Os mensageiros percorriam a comunidade anunciando o evento.
Arte ONODI 2014
Mais fotos do ano de 2014 encontram-se na página do facebook do Bloco ONODI
A Floripa de Saint Exupéry — ou Zé Perri
Florianópolis recebia visitas do escritor e aviador francês, famoso pelo livro O Pequeno Príncipe. Na ilha, ele ganhou um apelido carinhoso dos locais.
Aos domingos de carnaval costuma-se escutar pelas ruas do sul da ilha de Florianópolis:
É o hino oficial do bloco de carnaval Onodi que desfila pelas ruas do Campeche há 15 anos, mantendo viva a tradição dos pescadores e contribuindo para a divulgação de um fato pouco conhecido pelos brasileiros: as visitas frequentes do escritor e aviador francês Saint-Exupéry — que ficou famoso pelo livro O Pequeno Príncipe — a Florianópolis (SC) nos idos dos anos 1920.
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