Carnaval 2019 -
Educação no Campeche Em 1923, o Campeche era povoado por apenas 17
famílias. João Gonçalves Pinheiro, líder comunitário,
consegue, enfim, ser nomeado professor, tarefa que já
desempenhava antes dessa data por puro prazer de
ensinar.
A primeira sala de aula do Campeche acolhia
crianças de diferentes idades e ficava na casa do Sr.
Bertoldo, esquina da Av. Campeche com a Pequeno
Príncipe, hoje uma imobiliária. De manhã, professor, de
tarde, agricultor.
Em seguida a sala de aula se
mudou para o Rio Tavares, na casa engenho do Sr.
Saturnino, até que o prof. construiu sua própria casa
com uma sala para receber os alunos. Detalhe importante:
naquela época o partido político determinava o
funcionamento da escola: se a UDN ganhava as eleições,
tinha aulas e o Sr. João recebia salário, se o PSD
ganhava, o salário do professor era cortado. Mas, o Sr.
João era altruísta e continuava dando aulas. E assim
continuou fazendo até 1945,
quando se aposentou. Neste mesmo ano é criada a primeira
escola municipal no bairro, no casarão, que abrigava
também uma colchoaria, programa da antiga LBA.
Diversas pessoas deram vida à educação nessa época, não
só oferecendo a sala de sua casa como também facilitando a vida
escolar ou atuando como professor. Destacaram-se o Sr.
Adriano, a profa. Ivone, a profa. Carolina e a profa.
Ana Maurina. Líderes comunitários, como os Srs. Hipólito
Chagas, João Bernardino da Rocha e outros, também sempre
estiveram à frente de iniciativas para facilitar a vida
escolar, ainda muito tímida. Este último, por exemplo,
construiu uma sala onde se instalou a primeira “sala
como escola”, com o nome de Escola Isolada do Campeche, e
tinha como profa. a Sra. Januária Teixeira da Rocha.
Hoje a professora é homenageada dando nome a nossa
escola ao lado da igrejinha.
Nessa época muitos
pais não mandavam seus filhos para a escola pois toda a
família trabalhava na roça.
Não havia provas. O
inspetor era quem arguia as crianças ao final de cada
ano, e a ele era dado o poder de passar ou não os alunos para o ano seguinte.
Além de dar aulas,
o professor também cuidava da higiene das crianças. Colocadas em fila, o prof. examinava as orelhas, as
cabeças, as roupas. Falta de banho, piolhos ou roupas
rasgadas significava bilhete para a mãe orientar os
filhos.
O inspetor escolar, Sr. Alceu, também
iniciou as aulas para os adultos usando o método de
Paulo Freire. Assim, aqueles que quisessem aprender a
ler tinham a oportunidade de estudar à noite.
Em 1980 é fundada a escola reunida que, em 2007, passa a
ser a E.B.M. Brig. Eduardo Gomes.
Hoje, o bairro
tem uma estrutura escolar ainda frágil porque não
cresceu no mesmo ritmo do crescimento populacional,
faltando a algumas escolas estrutura condizente com suas
reais necessidades. O altruísmo dos pioneiros é que deu o
impulso inicial, acima dos partidos políticos da época,
da igreja ou das dificuldades próprias de uma comunidade
que praticamente vivia de sua própria força de trabalho.